Obras do campus avançado sofrem novo adiamento porque universidade considera mal localizada a área doada pelo GDF
O início das obras do campus avançado da Universidade de Brasília
(UnB) em Ceilândia vai demorar um pouco mais. A instituição
de ensino está negociando com o GDF a permuta do terreno doado em outubro
do ano passado para a construção da unidade. De acordo com a decana
de Extensão Leila Chalub, a área atual não está
bem localizada para atender os estudantes ceilandenses. Foi essa a justificativa
que ela deu a cerca de 300 estudantes da rede pública que ontem realizaram
uma manifestação para reivindicar o início imediato da
obra.
O campus avançado já deveria estar em fase de construção. Recursos para isso existem, pois os governos federal e local aprovaram, no último dia 19, a liberação de R$ 4,5 milhões para erguer o prédio principal da universidade.
A cidade tem, atualmente, 107 mil estudantes nas redes pública e particular que sonham em ingressar na universidade pública. Segundo Leila Chalub, o acordo com o GDF para a permuta da área está em fase de conclusão. "As áreas são vizinhas, a única coisa que vai acontecer é uma troca", argumenta. A discórdia é em torno de uma área em frente à QNN 26 do Setor P-Sul. O GDF doou 20 hectares voltados para Samambaia. A UnB quer a área que está voltada para a Ceilândia.
Local provisório
A coordenadora do Movimento Pró-Universitário de Ceilândia
(Mopuc), Eliceuda França, alega que a construção do campus
deveria ter sido iniciada em janeiro. Ela disse, ainda, que sugeriu ao reitor
da UnB, Thimothy Mulholland, o início de cursos superiores em instalação
provisória, a Escola Classe 04 da Guariroba. "Temos dez salas vazias
lá. A escola possui toda infra-estrutura para comportar pelo menos dois
ou três cursos superiores, enquanto o novo campus não fica pronto",
argumenta.
O coordenador-geral dos Campi da UnB, Sylvio Quesado, garante que o projeto arquitetônico da unidade em Ceilândia ficará pronto até 30 de maio. E no dia 1º de junho será publicado edital de licitação para escolha da empresa responsável pela construção do prédio.
Quesado acredita que, se não houver empecilhos, no primeiro semestre de 2008, a UnB-Ceilândia estará pronta para receber cinco mil alunos nos três turnos de aula. "Acho que no início do próximo ano entregamos o campus totalmente em condições de uso", avalia.
Comunidade opinará
Os cursos, segundo Quesado, serão definidos pela comunidade. "Vamos
conversar com os conselhos comunitários para ver quais são as
maiores áreas de interesses", informou.
Levantamento do Mopuc revela que dos 40 mil estudantes da UnB, só 500 residem na Ceilândia e que 92% da renda dos universitários da cidade são usados para cobrir despesas com faculdade. Para o coordenador do Projeto Social da Juventude, Fernando de Assis, 24 anos, muitos alunos não prestam vestibular para a UnB devido à distância e à concorrência de alunos de escolas particulares. "Eles não são melhores que os da pública, apenas tiveram mais preparo", avalia.
A estudante do Ensino Médio Karine Cristina, 17 anos, revela que, se o novo campus não ficar pronto até o inicio do próximo ano, terá que adiar os planos sobre o vestibular. "Para ir até a UnB terei de pegar dois ou três ônibus, além de gastar com alimentação. Aí não dá", lamenta.
Publicado em: 28/03/2007